terça-feira, 30 de março de 2010

A HORA DA MORTE


Alguém já disse: o homem não morre enquanto sua obra permanece viva. Mas esta afirmação nos convida a refletir sobre vários ângulos da morte, da obra e da existência. Desde 2007, quando se afastou do delicioso exercício de cronista depois da descoberta de um câncer no cérebro, que Armando Nogueira não produzia mais. É justamente aí que um cronista morre, quando deixa de produzir. A morte física anunciada na última segunda-feira leva toda crônica esportiva do Brasil inteiro às homenagens póstumas. Mas assim que chegar do outro lado da vida, o bom Armando só terá lembranças de tudo o quanto realizou do ano de 2007 para trás. Aí sim, ele produziu (viveu). A última lembrança que tenho dele me remete à Rádio Globo, quando Elso Venâncio apresentava o programa "Enquanto a Bola não Rola" e eu ia lá sempre. Algumas vezes conversei com Armando. Era realmente muito educado, causava emoção pela maneira humilde e educada com que colocava as coisas quando não comungava do pensamento dos outros. Atual comentarista da Rede Globo, o ex-jogador Junior comentou durante o velório na tribuna de imprensa do Maracanã, algo que ele lhe teria dito quando foi convidado para ser comentarista de televisão: "Você pode elogiar sem bajular e criticar sem ofender". Foi exatamente assim que viveu Armando Nogueira até 2007, quando encerrou sua carreira.

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